Má postura causa escoliose? Entenda o que está por trás da condição

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A escoliose é uma condição que tem como principal característica a formação de uma cifose: uma espécie de curvatura anormal na coluna vertebral em padrões que lembram as letras “S” ou “C”. 

Embora possa afetar indivíduos de todas as idades, é mais comum ser descoberta na adolescência, uma vez que o crescimento rápido do corpo ajuda a evidenciar a curva da coluna.

O problema pode aparecer em qualquer parte da coluna, mas é mais comum nas regiões torácica (o meio das costas) e lombar (parte inferior da coluna).

Coluna normal X com escoliose

Quando observada de lado, uma coluna vertebral normal apresenta naturalmente duas curvas, constituídas pelos encontros da lordose cervical com a cifose torácica e a lordose lombar. Essas curvaturas são importantes para promover o equilíbrio na posição ereta, com a coluna agindo como uma mola de equilíbrio. 

Por outro lado, em um caso de escoliose, quando observada de frente, a coluna apresenta um desvio de mais de 10 graus para o lado esquerdo ou direito. Além disso, também apresenta um desvio tridimensional do tronco, formando gibas (“corcundas”). 

As gibas impactam diretamente a qualidade de vida, pois trazem consequências físicas e psicológicas. Além do incômodo pelo tronco desbalanceado, que dificulta sentar-se reto, por exemplo, a doença ainda pode levar a dores e problemas emocionais.

Causa

Diferentemente do que diz o senso comum, o uso de aparelhos eletrônicos (celulares, computadores, etc.) e uma ergonomia ruim no trabalho ou em casa não são condições capazes de causar a escoliose. Na verdade, ela está associada a questões genéticas.

Mas isso não quer dizer que a postura indevida não seja prejudicial, pois essa prática pode causar o aumento da cifose. Por exemplo: ao baixar a cabeça e olhar para o celular, a musculatura peitoral é encurtada, alterando a postura.

Vídeo: Má postura gera escoliose?

Diagnóstico

Mais de 80% dos casos de escoliose são descobertos durante o estirão de crescimento. Porém, nem sempre essas crianças e adolescentes vão sentir dor, um sintoma físico muito mais comum entre adultos. 

Por isso, é recomendado que os responsáveis legais examinem, periodicamente, a simetria da altura dos ombros, das escápulas e da cintura de jovens entre 8 e 10 anos de idade. Também é importante prestar atenção na caixa torácica para confirmar que todas as costelas estejam alinhadas, sem que uma esteja mais levantada do que a outra. 

Notada qualquer anormalidade, um médico deverá ser procurado. O especialista vai avaliar a necessidade de fazer uma radiografia ou outros exames, como ressonância magnética, para atestar o diagnóstico.

Em crianças e adolescentes, a dor na coluna normalmente está associada a deformidades. Como a estrutura óssea dos jovens ainda é muito flexível, a irritação de nervos, tumores ou mesmo infecções podem causar contraturas musculares, o que é diferente de uma escoliose verdadeira. Esses quadros são conhecidos como “escolioses antálgicas”.

Tratamento

O tratamento da escoliose é dividido, basicamente, em três grupos. A classificação se dá a partir do grau de curvatura das colunas.

  • Entre 10 e 20 graus: exige acompanhamento especializado e pode ser recomendada fisioterapia para fortalecer os músculos ao redor da coluna vertebral, melhorar a postura e proporcionar alívio dos sintomas.
  • Entre 20 e 40 graus: é indicado o uso de colete ortopédico para ajudar a controlar o aumento da curvatura.
  • Acima de 40 graus: em casos mais graves, a cirurgia de correção da coluna é recomendada a fim de diminuir os riscos de possíveis agravamentos do quadro de saúde, como a compressão do pulmão e a diminuição da capacidade respiratória.

A prática de exercícios físicos, de duas a três vezes por semana, é de extrema importância no processo de tratamento de todos os graus de escoliose. Isso porque, durante a execução de atividades físicas, a musculatura é reforçada, o que protege as estruturas ósseas de forma mais segura e inibe a progressão da sua curvatura.

Revisão técnica: Alexandre R. Marra, pesquisador do Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa Albert Einstein (IIEP) e docente permanente do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde da Faculdade Israelita de Ciências da Saúde Albert Einstein (FICSAE).

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