Dermatite atópica em crianças: quais são os sintomas e tratamentos

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A infância é uma fase que exige cuidados específicos para evitar doenças comuns. Dentre as medidas necessárias, é importante destacar a atenção à saúde da pele, pois a dermatite atópica em crianças afeta 25% dessa faixa etária e se manifesta por meio de vermelhidão, ressecamento, coceira e feridas na pele.

Neste post, vamos explicar o que é dermatite atópica, quais são os seus sintomas e tratamentos, especialmente para crianças. Acompanhe a leitura e confira!

O que é dermatite atópica?

A dermatite atópica é uma doença crônica e inflamatória da pele que causa o surgimento de erupções. Normalmente, ela aparece na infância, diminui na idade adulta e pode ser de intensidade moderada a grave. Dessa forma, o tratamento deve considerar a condição de cada paciente, para que o resultado seja a melhora da sua qualidade de vida.

Crianças com histórico familiar de asma, rinite ou dermatite têm mais chances de desenvolver essa doença. Aliás, essas três enfermidades são chamadas de tríade atópica e, com frequência, o paciente apresenta mais de uma delas. No entanto, nem todos que sofrem com essa dermatite têm asma ou rinite — e vice-versa.

Sua principal característica é a constante perda de água, já que os doentes não têm a barreira de proteção da pele que impede essa ocorrência. Assim, a derme fica ressecada e, consequentemente, apresenta muitas lesões avermelhadas.

Não se preocupe se o seu filho tiver contato com crianças que sofrem com essa dermatite. Afinal, ela não é contagiosa — apesar de muitas pessoas se incomodarem com a visão das feridas que ela causa.

Como a dermatite atópica se desenvolve em crianças?

Em crianças, ela geralmente aparece a partir dos 3 meses de idade: 85% dos casos surgem ao longo do primeiro ano — podendo chegar a 95% antes dos 5 anos —, persistindo durante toda a vida.

Contudo, é comum que essa doença entre em remissão na adolescência e retorne novamente na idade adulta, de forma menos intensa, ou desapareça completamente em 75% dos casos.

Nos bebês, a dermatite atópica afeta o rosto, o pescoço, as dobras das pernas e dos braços. Nos adolescentes, as regiões mais atingidas são o tronco e as pernas.

Quais são os sintomas da dermatite atópica?

Se o seu filho está sempre se coçando, preste atenção a esse fato, pois o sintoma mais marcante é a coceira: frequente e intensa, ela causa distúrbios de sono e irritabilidade.

Outros sinais possíveis dessa dermatite são vários tipos de erupções cutâneas, como:

  • pápulas — lesões que aparecem na pele com menos de 1 centímetro, com bordas definidas, na cor da própria pele ou então em tons de marrom ou roxo;
  • eritemas — manchas vermelhas na pele;
  • seropápulas — bolhas;
  • vesículas — pequenas bolhas cheias de líquido, que podem surgir em qualquer parte do corpo;
  • escamas— perda de parte da pele com a formação de flocos;
  • crostas — formação posterior aos danos na pele;
  • liquenificação — espessamento da pele, com a visualização mais nítida dos sulcos que a caracterizam.

Além disso, como essa doença é caracterizada por um sistema imunológico desregulado e a barreira de proteção da pele não funciona como deveria, os pacientes de dermatite atópica são mais vulneráveis a infecções por bactérias, como o Staphylococcus aureus, vírus como Herpes simples ou infecções fúngicas.

Quais são as possíveis causas da dermatite atópica?

Embora a causa específica não seja conhecida, vários fatores precedem as crises. O principal é a combinação de pele ressecada com um sistema imunológico deficiente.

Outro ponto importante nessa enfermidade é a sua condição hereditária, ou seja, se um dos pais tem alguma atopia (rinite, asma ou dermatite) a criança terá 25% de probabilidade de desenvolver dermatite atópica. Caso ambos apresentem essas doenças, as chances de a criança reproduzir o quadro são de 50%.

O ambiente também é um fator no aparecimento dessa dermatite, porque o uso de tecidos e produtos irritantes, assim como o contato com bactérias, o suor e o clima seco, geralmente atuam como gatilhos das crises.

As alergias alimentares, por sua vez, não causam a dermatite atópica, mas podem piorar um quadro pré-existente. Portanto, as crianças que sofrem com esse problema devem evitar alimentos como leite e derivados, nozes e mariscos.

Como é o tratamento da dermatite atópica?

O tratamento é centrado nos cuidados com a pele, por meio da hidratação constante com cremes para peles sensíveis e secas. A aplicação desses produtos precisa ser feita logo após o banho, com a pele ainda úmida, de modo a aproveitar para manter a pele hidratada pela união dos cremes com a água que o corpo absorveu.

As pomadas de cortisona podem ser receitadas pelo médico, desde que utilizadas nas doses e concentrações corretas. Caso contrário, efeitos colaterais — como a atrofia da pele e as estrias — podem surgir. Já as medicações orais, como os anti-histamínicos para o alívio da coceira, serão adotadas em caso de ineficácia da pomada.

Lembre-se: os banhos quentes e longos devem ser evitados nas crianças com essa dermatite, para não aumentar o ressecamento da pele. Por isso, prefira duchas frias ou mornas de, no máximo, 10 minutos.

Além do mais, para ajudar no diagnóstico e no tratamento, é importante anotar os sintomas e a frequência, e preparar uma série de perguntas para o pediatra, o alergologista e o dermatologista (especialidades que auxiliam os pequenos com dermatite atópica) sobre como cuidar da criança diariamente.

Por fim, não basta cuidar do corpo para vencer essa enfermidade, já que ela deixa marcas emocionais por causa do preconceito — da mesma forma que ocorre com o vitiligo. Logo, o acompanhamento psicológico é essencial para cultivar a autoconfiança das crianças com dermatite atópica.

Vermelhidão e coceira na pele são sinais que sempre chamam a atenção. Agora, você já sabe como a dermatite atópica em crianças se manifesta e quais médicos podem ajudar diante de tal situação. Por isso, mantenha a rotina de consultas necessárias à idade do seu filho, para garantir diagnósticos precoces e tratamentos bem-sucedidos.

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Revisão técnica: Alexandre R. Marra, pesquisador do Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa Albert Einstein (IIEP) e docente permanente do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde da Faculdade Israelita de Ciências da Saúde Albert Einstein (FICSAE).

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