Como tratar doenças do ouvido? Conheça os principais casos

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Quem tem filho pequeno, provavelmente, já teve que lidar com doenças do ouvido. No entanto, elas também podem afetar os adultos — e precisam ser tratadas para evitar consequências mais graves, como perdas auditivas.

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Apesar disso, muita gente acredita que essas enfermidades (inclusive na infância) são simples e não precisam de médico, o que é um equívoco. O ouvido é responsável pela detecção, transmissão e tradução de sons, além de cuidar do equilíbrio, e precisa ser bem cuidado.

Explicaremos, a seguir, como o ouvido funciona, quais são as principais causas dessas doenças e como tratá-las. Confira!

Como é a estrutura do ouvido?

As doenças do ouvido afetam esse órgão avançado, que é formado por membranas e ossos. Ele é dividido em três partes. Elas são:

  • Ouvido externo: recebe as ondas sonoras e repassa para as outras partes. Aqui, está localizado o canal auditivo;
  • Ouvido médio: transforma as ondas por meio das vibrações do tímpano. Isso avisa o martelo e a bigorna sobre a existência do som e ativam o estribo para repassar a informação para a próxima etapa;
  • Ouvido interno: traduz as ondas recebidas em impulsos nervosos e os encaminha para o cérebro via nervo acústico. Contém, também, a cóclea, mais conhecida como caracol, que tem pequenos pelos que vibram com a propagação do som.

Quais as principais doenças do ouvido?

As doenças podem afetar qualquer uma das partes que formam esse órgão. Veja, a seguir, quais são as mais comuns.

Otites

As otites podem acontecer em qualquer região do ouvido e ser inflamatórias ou derivadas de outros problemas (como entrada de água ou alergias).

Labirintite

A labirintite é uma doença do ouvido interno (ou labirinto) e causa náusea, tontura, falta de ar, dor de cabeça e outros sintomas.

Zumbido

Chamado tecnicamente de tinnitus, gera a perda de audição na maior parte dos casos e pode ser gerado por doença circulatória ou lesão no ouvido.

Doença de Ménière

Esse quadro atinge o ouvido interno e se caracteriza pelo excesso de líquido (endolinfa) na região, o que afeta a estrutura da audição e o equilíbrio.

É uma enfermidade progressiva que leva à surdez e é derivada de complicações de enxaqueca, diabetes, hipertensão ou doenças autoimunes.

Colesteatoma

Essa doença corrosiva gera o aumento do epitélio escamoso queratinizado. Ele preenche o ouvido médio (mastoide) e destrói essa parte e seus ossículos (bigorna, martelo e estribo), além de tomar a base do crânio.

Costuma ocorrer por ser congênito ou devido a uma otite mal resolvida, e há presença de zumbido, dor de cabeça, secreção contínua e infecção, além de perda auditiva.

Síndrome de Usher

Trata-se de uma doença genética que também afeta a visão. Os sintomas são degeneração da retina, perda auditiva, baixo equilíbrio e pouca visão ao olhar para baixo, para cima ou para os lados.

Otosclerose

A doença gera o crescimento anormal do estribo, o que implica problemas na condução dos sons. Pode ser hereditário. Além disso, costuma ser agravado por sarampo e gravidez.

Neuroma do acústico

O neuroma do acústico consiste em um tumor benigno e raro gerado por um defeito no cromossomo 22. Ele afeta o nervo acústico. Os dois principais fatores de risco são transmissão por meio do pai ou da mãe. Além disso também ocorre quando a criança tem o pescoço ou a cabeça expostos à radiação.

Ototoxicidade

Esse quadro leva a lesões no ouvido interno, que geram a perda parcial ou total da audição. Pode ser temporário ou permanente e, normalmente, é causado pelo uso de substâncias químicas e fármacos.

O que causa as doenças no ouvido?

Existem vários fatores que causam doenças no ouvido. As infecciosas são as que mais levam à perda auditiva adquirida. Inclusive, são responsáveis por mais de 25% das chamadas perdas profundas. Nessa categoria, estão incluídas as enfermidades a seguir.

Infecções virais

As infecções virais causam 3% das perdas auditivas neurossensoriais súbitas. Algumas causas são:

  • O vírus da mononucleose (Epstein-Barr);
  • O vírus da parotidite epidêmica (paramixovírus);
  • O herpes zoster;
  • O herpes simples;
  • O enterovírus;
  • O adenovírus;
  • A influenza;
  • A parainfluenza;
  • O citomegalovírus (CMV);
  • O Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV).

Infecções bacterianas e fúngicas

Essas infecções são geradas por diferentes patógenos. Algumas das doenças que geram problemas no ouvido são as meningites bacterianas, sífilis (ainda que rara), doença de Lyme, clamídia, tuberculose, tétano e outros agentes infectocontagiosos.

Além disso, os problemas no ouvido podem ser causados por doenças crônicas, como a fibrose cística. Apesar disso, um estudo realizado na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) identificou que a prevalência de alterações do ouvido médio é baixa nesses pacientes.

Existem, ainda, outras doenças crônicas que podem levar a problemas no ouvido. Elas são:

  • Diabetes: o aumento dos níveis de glicose no sangue danifica os vasos sanguíneos. Com isso, todo o organismo é prejudicado, inclusive o ouvido interno. Isso gera problemas de audição;
  • Hipertensão: o aumento da pressão sanguínea dentro dos vasos gera impactos no fluxo de sangue na parede de veias, capilares e artérias. Assim, o ouvido interno também é afetado, ocasionando problemas de audição;
  • Doenças cardiovasculares: o ouvido interno é impactado devido às alterações no fluxo dos vasos sanguíneos. Com isso, traumas ocorrem e causam danos ao órgão;
  • Osteoporose: a desmineralização dos ossos do corpo também causa impactos no martelo, no estribo e na bigorna, já que são ossículos. Portanto, as vibrações do tímpano são menos sentidas e é mais difícil levar a informação sonora para o cérebro.

Quais são os sintomas de doenças do ouvido?

Para saber se uma pessoa tem alguma doença do ouvido, é preciso prestar atenção aos sintomas mais comuns. Dentre eles, estão:

  • Pedidos frequentes para que os outros repitam o que já foi falado;
  • Relatos de pessoas do convívio que dizem que o indivíduo não ouve bem;
  • Volume alto demais de dispositivos como TV ou rádio;
  • Dificuldade para entender conversas com ruídos ao fundo;
  • Dificuldade de acompanhar conversas em grupo;
  • Dificuldade na identificação da origem dos sons.

Como você pode perceber, muitos dos sintomas podem envolver prejuízos sociais, para além dos prejuízos à saúde. Existem outros sintomas, que variam de acordo com a doença causadora do problema. Alguns deles são vertigens, tonturas, zumbidos persistentes, visão dupla e dores de cabeça.

Como tratar doenças do ouvido?

O tratamento depende da enfermidade em questão. Por exemplo, no caso de uma otite, comumente é preciso usar analgésicos, anti-inflamatórios e antibióticos. Em situações graves, o uso do aparelho auditivo e o acompanhamento médico frequente podem ser necessários.

Há, também, situações em que é necessário fazer um procedimento cirúrgico. Um exemplo é a otosclerose, que pode ter essa indicação. De toda forma, é importante consultar um especialista para definir o tratamento adequado.

Como obter o tratamento adequado?

O ideal é consultar um otorrinolaringologista, que é o médico especialista no diagnóstico e tratamento de doenças do ouvido, nariz, laringe, garganta e pescoço. Esse profissional atua tanto na parte clínica como na cirúrgica.

A otorrinolaringologia abrange o tratamento para enfermidades que vão das mais simples até situações mais complexas, como tumores cerebrais e nasais. Por isso, é essencial procurar um médico da área sempre que você verificar alguma alteração no ouvido.

Lembre-se de verificar o CRM e as especializações do profissional antes de marcar sua consulta e siga todas as orientações do otorrinolaringologista. Afinal, essa é uma questão de qualidade de vida, tanto no sentido de se livrar de sintomas incômodos como de evitar complicações das doenças do ouvido.

Problemas de ouvido podem ser causados por doenças cardiovasculares, então que tal se aprofundar nesse tema? Aprenda já sobre as cardiopatias congênitas.

Revisão técnica: Alexandre R. Marra, pesquisador do Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa Albert Einstein (IIEP) e docente permanente do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde da Faculdade Israelita de Ciências da Saúde Albert Einstein (FICSAE).

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