O papilomavírus humano (HPV) é um agente patológico que pode afetar a pele e as mucosas do corpo. É o responsável pela infecção sexualmente transmissível (IST) de maior recorrência em todo o mundo.
Segundo a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), mais de 100 subtipos de HPV são conhecidos. A maioria não causa problemas graves e tende a se enfraquecer a partir do tratamento. Contudo, alguns tipos específicos, especialmente o 16 e o 18, são bastante frequentes e podem progredir para quadros como câncer.
Pessoas com tumores no colo do útero, por exemplo, quase sempre desenvolvem essa condição como uma consequência da contaminação pelo HPV. Além disso, ele também é fator de risco para o surgimento de câncer de vagina, vulva, ânus, pênis, boca e garganta.
Vídeo: HPV – o vírus silencioso que pode causar câncer
Causas
Como um vírus que afeta sobretudo a pele e as membranas mucosas, sua transmissão ocorre por meio do contato direto com uma pessoa contaminada. Entre os fatores que contribuem para a disseminação da doença, estão:
Sexo
Seja ele vaginal, anal ou oral, o contato sexual é capaz transmitir o vírus para uma pessoa saudável. Vale lembrar que a contaminação pode ocorrer mesmo em quem não manifesta sintomas visíveis da doença. O uso de preservativo é essencial.
Parto
Se a mulher já apresentar o vírus em seu organismo, a probabilidade dele se manifestar durante a gestação é alta. Nesse sentido, é possível que haja risco elevado de transmissão para o bebê durante o parto normal, quando a criança está em contato intenso com as mucosas da mãe.
Compartilhamento de objetos
Embora seja menos comum, existe a possibilidade do HPV também ser transmitido de forma indireta, pelo compartilhamento de objetos com pessoas contaminadas. Uma pesquisa observou a presença do vírus em superfícies encontradas em espaços de muita umidade, como banheiros e academias. Mas, segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), “não está comprovada a possibilidade de contaminação por meio de objetos, do uso de vaso sanitário e piscina ou pelo compartilhamento de toalhas e roupas íntimas.”
Sintomas
Principalmente durante a fase inicial da infecção, o HPV pode não apresentar sintomas visíveis. De acordo com o Ministério da Saúde, as primeiras manifestações da doença costumam surgir de dois a oito meses após o contágio, mas há relatos de pessoas que demoraram até 20 anos para apresentar sinais.
Quando eles finalmente irrompem, geralmente aparecem na forma de verrugas nos tecidos mucosos (céu da boca, língua, garganta, vulva, colo do útero e ânus). Além disso, nos genitais, pode haver desconforto, ardência, coceira e até sangramentos.
Diagnóstico
O diagnóstico do HPV pode envolver diferentes métodos. As principais abordagens envolvem a realização de exame clínico, papanicolau, teste de HPV, colposcopia, vulvoscopia e biópsia.
Tratamento
Não existe uma forma de eliminar por completo a presença do HPV do corpo humano. Assim, o tratamento consiste em aplicar técnicas que estimulem o desaparecimento da ferida formada e combatam a propagação do vírus no organismo. Isso pode ser feito por meio de:
- Pomada;
- Creme;
- Ácido;
- Cirurgia;
- Laser;
- Crioterapia.
O sucesso do tratamento também depende do pleno funcionamento do sistema imunológico da pessoa. Manter uma alimentação equilibrada, ter boas noites de sono e praticar atividade física regularmente são hábitos que ajudam nesse processo.
Prevenção
A vacina contra o HPV é a maior aliada na prevenção à doença. A imunização é segura e está disponível no setor público e particular. No Sistema Único de Saúde (SUS) podem se imunizar:
- Crianças de 9 a 14 anos, independentemente do sexo e gênero;
- Pessoas que convivem com o vírus do HIV;
- Vítimas de abuso sexual;
- Usuários da Profilaxia Pré-Exposição (PrEP);
- Pacientes de Papilomatose Respiratória Recorrente (PRR).
Já na rede particular, mais pessoas podem ter acesso à vacina. Embora não proteja contra todos os subtipos do vírus, o imunizante é muito eficaz em reduzir o surgimento de lesões que podem ser agravadas e evoluir para um câncer.
Como outras ISTs, o HPV também pode ser prevenido a partir do sexo seguro. Utilizar preservativos masculinos ou femininos diminui a probabilidade de contato com mucosas infectadas. Contudo, esse método não é 100% eficiente, pois não cobre todas as possíveis áreas contaminadas.
Revisão técnica: Erica Maria Zeni (CRM 140.238/ RQE 75645), médica da Unidade de Pronto Atendimento do Hospital Israelita Albert Einstein e do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo . Possui graduação e residência em Clínica Médica pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e residência em Medicina Interna pela Universidade de São Paulo (USP). Também possui pós-graduação em Cuidados Paliativos pelo Instituto Pallium Latinoamérica Medicina Paliativa, em Buenos Aires, Argentina.