O que é glaucoma? Saiba sobre o diagnóstico e o tratamento

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Revisão técnica: Adriano Biondi, oftalmologista do Hospital Israelita Albert Einstein

Perigoso e silencioso, o glaucoma é uma doença que pode levar à cegueira, visto que não apresenta sintomas muito aparentes, o que faz com que muitos pacientes só sejam diagnosticados quando estão em um quadro avançado. Por isso, entender o que é glaucoma é o primeiro passo para preservar a saúde de seus olhos.

Embora seja cada vez mais comum as pessoas se preocuparem em fazer um check-up anual para acompanhar a sua saúde, nem sempre há uma preocupação em examinar os olhos. Entender como o glaucoma se manifesta é essencial para identificar alterações na sua visão e buscar ajuda o quanto antes.

Quer saber mais? Neste post, contamos tudo o que você precisa saber sobre essa enfermidade. Confira!

O que é glaucoma?

O glaucoma é definido como uma doença ocular que se desenvolve em decorrência de uma alteração no nervo óptico, que o torna mais frágil. Como resultado, as fibras nervosas são danificadas de forma irreversível, o que faz com que a pessoa perca o seu campo visual gradativamente e, nos casos mais avançados, fique cega. 

De acordo com um levantamento da Organização Mundial da Saúde (OMS), o glaucoma é a doença que mais causa cegueira irreversível no mundo. A estimativa é de que a enfermidade afete 111,5 milhões de pessoas até 2040. A doença costuma ser mais comum em indivíduos com mais de 40 anos, que devem se consultar com um oftalmologista pelo menos uma vez ao ano.

De maneira mais simplificada, há dois tipos principais de glaucoma: o de ângulo aberto e o de ângulo fechado. O primeiro é o mais prevalente e se caracteriza pela ausência de dor e demais sintomas, enquanto o segundo é menos frequente e pode causar vermelhidão nos olhos. Existem outros subtipos de glaucoma, menos comuns.

Quais são as suas causas?

Da mesma forma que acontece com as doenças genéticas raras, o glaucoma está associado a uma combinação entre fatores genéticos e de ambiente. No caso do glaucoma congênito, quando a criança nasce com o problema, ele é herdado da mãe no período da gestação e deve ser tratado por equipe médica especializada imediatamente.

Apesar de a doença estar, quase sempre, associada ao aumento da pressão intraocular (dentro do olho), é necessário dizer que ela não necessariamente causa a lesão do nervo óptico — principal fator causador da enfermidade.

No geral, essa pressão ocorre devido ao acúmulo de um líquido conhecido como humor aquoso, cuja produção se dá na área anterior do olho ou por conta de uma deficiência no processo de drenagem do seu canal.

O bloqueio do humor aquoso dentro do olho eleva a pressão ocular, causando danos ao nervo óptico. Existem alguns fatores que podem provocar o aumento do risco de glaucoma, tais como:

  • idade acima de 40 anos;
  • histórico familiar de glaucoma;
  • doenças no olho, como inflamações, tumores e descolamento de retina;
  • uso de medicamentos com corticosteroides;
  • problemas cardíacos;
  • diabetes;
  • hipertireoidismo;
  • hipertensão.

Quais são os seus sintomas?

Os sintomas de glaucoma dependem muito do tipo desenvolvido pela pessoa. Em se tratando do glaucoma congênito, é comum que as alterações sejam percebidas nos primeiros meses de vida, como a nebulosidade localizada na parte da frente dos olhos, aumento de tamanho de um ou dos dois olhos, sensibilidade à luz, olho vermelho e lacrimação.

No glaucoma de ângulo aberto, que é mais comum, a maioria das pessoas não apresenta sintomas até que a doença evolua para o começo da perda de visão. Vale ressaltar que a perda de visão periférica ou a visão tubular acontece de modo gradual.

Quanto ao glaucoma de ângulo fechado, os sintomas incluem dor súbita e intensa no olho, vermelhidão nos olhos, visão embaçada, olhos com aparência inchada, náusea e vômito. É necessário dar atenção ao fato de que os sintomas podem surgir entre um intervalo e outro, ou repentinamente. 

Diante da suspeita de que você está sofrendo de glaucoma, é recomendado procurar ajuda médica o quanto antes. Jamais espere sentir alterações mais contundentes nos seus olhos, pois um diagnóstico rápido possibilita um tratamento mais eficiente. A melhor forma de prevenção é realizar exames oftalmológico periodicamente.

Como é feito o diagnóstico do glaucoma?

O médico responsável por diagnosticar o glaucoma pode ser o clínico geral ou oftalmologista. Para facilitar a identificação da doença, você pode ir para a consulta com uma lista dos seus sintomas, histórico de outras doenças nos olhos e medicamentos tomados regularmente. 

Na consulta, o médico vai examinar o interior dos olhos, observando principalmente a pupila, que é dilatada nos pacientes com essa enfermidade. Também é checada a pressão intraocular a partir do exame de tonometria, mas isso não é o suficiente para a confirmação do diagnóstico, já que ela muda normalmente.

Sendo assim, podem ser solicitados outros exames, como de avaliação do nervo óptico, acuidade visual, exame com lâmpada de fenda, campimetria, imagens do nervo óptico, gonioscopia e resposta do reflexo da pupila.

Como é o tratamento do glaucoma?

O tratamento do glaucoma depende do tipo desenvolvido pelo paciente, sendo que a sua finalidade é diminuir a pressão ocular. Para o glaucoma de ângulo aberto, geralmente, o tratamento é feito com colírios ou, ainda, com pílulas específicas para isso. Nos quadros mais avançados, pode ser que o paciente necessite do tratamento a laser que visa desobstruir a circulação do humor aquoso.

Devido à sua gravidade, o glaucoma de ângulo fechado é considerado uma emergência médica que deve ser tratada com o uso de pílulas, colírios e medicação intravenosa que juntos baixam a pressão intraocular. Se o tratamento não gerar uma resposta positiva, a pessoa é encaminhada para a cirurgia de iridotomia, que aplica um laser para fazer a abertura de um novo canal na íris, o que alivia a pressão e controla o problema.

O glaucoma congênito também é tratado como emergência, já que pode deixar a criança cega. Assim, o tratamento mais eficiente é uma cirurgia que promove a desobstrução das câmaras do ângulo. O procedimento é realizado com anestesia geral, trazendo mais segurança e conforto para o paciente. 

Além disso, as pessoas com glaucoma devem ter cuidados especiais, como evitar tocar instrumentos de sopro, pois este ato eleva a pressão intraocular e ingerir muito líquido em pouco tempo, visto que isso aumenta a produção de humor aquoso e, consequentemente, da pressão nos olhos. Fazer um detox digital também é uma boa alternativa, já que o uso excessivo de telas pode piorar o problema.

Agora que você sabe o que é glaucoma, pode cuidar melhor da sua visão. Na maioria dos casos, o tratamento adequado ajuda a controlar a doença e preservar a saúde dos olhos do paciente. Mais uma vez, vale ressaltar a importância de se atentar para qualquer mudança na sua visão e a necessidade de buscar ajuda médica rapidamente para evitar a progressão da enfermidade e a cegueira.

Quer manter a sua saúde em dia? Então saiba qual é a importância de fazer um check-up todo o ano!

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